O advogado Roberto Zampieri, assassinado na noite de terça-feira (5) ao sair de seu escritório, no Bosque da Saúde, em Cuiabá, tinha um histórico recheado de polêmicas, além de vários boletins de ocorrência registrados contra ele. Entre eles, está o cometimento de crimes como ameaça, apropriação indébita, crimes contra a administração pública, porte ilegal de arma de fogo e crimes ambientais.
O jurista, de 57 anos, também teve o nome envolvido em operações policiais e protagonizou até mesmo um bate-boca, recentemente, com uma desembargadora do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), durante um julgamento. O advogado foi assassinado ao sair de seu escritório e cerca de 10 tiros foram disparados pelo autor do homicídio.
O assassinato ocorreu na rua Topázio, uma das mais movimentadas do bairro e próxima a uma base da Polícia Militar. Informações preliminares dão conta que Roberto Zampieri deixou o trabalho por volta das 20h e, ao entrar em seu veículo, foi surpreendido por um pistoleiro que estava a pé e efetuou vários disparos.
Entre 2016 e 2022, o advogado foi alvo de sete boletins de ocorrência registrados contra ele, iniciando-se por um caso de porte ilegal de arma de fogo, ocasião em que foi flagrado na bagagem do jurista munições de calibre 38 quando a mala foi passada no raio-x do aeroporto. Naquele mesmo ano, ele foi acusado de ameaça por um homem, que relatou estar sendo intimidado por Roberto Zampieri, que ameaçava tomar posse de uma área de sua propriedade.
Em 2017, Roberto Zampieri foi acusado de colocar fogo em uma área na zona rural de Chapada dos Guimarães para camuflar um desmate ilegal. Já em 2020, um maquinário de propriedade do advogado foi apreendido em uma área embargada pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) em Querência, por conta de uma ordem judicial de busca e apreensão.
INVENTÁRIO E AMEAÇAS
Consta no boletim de ocorrência que o equipamento foi deixado em uma pousada para ser retirado pelas autoridades no dia seguinte, mas ele foi até o local e retirou os bens antes. Já em 2021, um cliente afirmou que contratou Roberto Zampieri para representá-lo no inventário do pai falecido e que o advogado ficou como fiel depositário de um valor referente a venda de um imóvel do espólio, mas que houve desacordo no repasse desse montante.
Por fim, em 2022, o jurista teve dois boletins de ocorrência registrados contra ele, sendo um por ameaça, na zona rural de Ribeirão Cascalheira, onde uma área foi alvo de esbulho possessório, sendo reintegrada por ordem judicial, onde foi acusado de ameaçar o proprietário. A segunda, trata-se de crime ambiental cometido em uma área em Jangada onde ele aparece como proprietário.
Zampieri também esteve envolvido em ações referentes a operações policiais, seja como depoente ou em defesas, onde também protagonizou polêmicas. Ele foi ouvido na ação relativa a Operação Bereré, que investigava um esquema de corrupção e cobrança de propina no Detran.
Em seu depoimento, ele afirmou que o ex-deputado estadual Mauro Savi comprou uma fazenda, em Alta Floresta, por R$ 1,5 milhão, utilizando cheques do dono de uma empresa falsa. Roberto Zampieri também teria se envolvido em uma polêmica no âmbito da Operação Ararath, que investiga esquemas de corrupção no Governo do Estado.
Um dos processos teria desaparecido da Segunda Vara Especializada da Fazenda Pública de Cuiabá, em maio de 2011, após o advogado ter dado ‘carga’ nos autos. Na ocasião, ele defendia Rodolfo Aurélio Borges, dono da Encomind Engenharia.
Recentemente, em outubro de 2023, Roberto Zampieri protagonizou um bate boca com a desembargadora da Segunda Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça (TJMT), Marilsen Andrade Addario, durante um julgamento. O órgão colegiado, responsável pela análise de demandas que envolvem disputas empresariais e de negócios, se preparava para julgar um recurso (embargos de declaração) contra uma decisão de um processo que não reconheceu uma dívida discutida na Justiça.
No mesmo processo, mas em decisão anterior, Marilsen Andrade Addario, votou pela não existência de um débito em relação a um dos sócios de uma antiga empresa, fechada no ano 2000. Os autos não revelam o valor total do débito, porém, um acordo entre o credor, identificado como Leonardo Zanella Bonetti, e a devedora (a empresa Picolo & Baggio LTDA), foi firmado em 2022 onde a organização privada reconheceu o débito de R$ 8,1 milhões.
A origem da dívida, segundo o processo, seriam “títulos cambiais” cujo crédito foi cedido a Leonardo Zanella Bonetti. Conforme a magistrada revelou, o advogado que representa o credor desta antiga dívida, Roberto Zampieri, estaria envolvido num suposto esquema que tentou no ano passado levantar suspeitas sobre a conduta de três desembargadores do TJMT – a atual presidente do Poder Judiciário de Mato Grosso, Clarice Claudino, Sebastião de Moraes Filho e Marilsen Andrade Addario.
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