Os impactos da guerra comercial entre Estados Unidos e China tendem a favorecer as exportações do complexo carne brasileiro, especialmente em relação à proteína suína, estima o analista da consultoria Safras & Mercado Fernando Henrique Iglesias.
Isso porque o gigante asiático retaliou as ofensivas de Donald Trump e expandiu as tarifas para produtos norte-americanos em 84%, ao passo que a Casa Branca passará a aplicar taxas de 145% aos chineses. Estudo preliminar da Organização Mundial do Comércio (OMC) estima que as transações entre as duas potências tende a reduzir em 80%.
Neste contexto, Iglesias ressalta que o Brasil tende a ganhar mercado em exportações de carne bovina, mas em fatias menores do que a suína e a de aves. “Os cortes de carne bovina que os Estados Unidos costuma exportar para a China são os de maior valor agregado e quem mais preenche esses requisitos de exportação ao mercado chinês é a Austrália, que deve ser a grande beneficiada em um primeiro momento.”
Quanto à proteína suína, o analista enxerga o Brasil ganhando competitividade expressiva em 2025, com volume próximo a 1,4 milhão de toneladas embarcadas, 8% a mais do que no ano passado.
Benefícios apenas no curto prazo
Iglesias acredita que a conjuntura global aponta para o Brasil se notabilizando como alternativa às commodities dos Estados Unidos, visto que antigos parceiros comerciais, agora taxados por Trump, tendem a voltar os olhos para a agropecuária nacional.
“O Brasil pode ter, em primeira instância, ganhos em função disso, mas o que realmente preocupa em toda essa situação, em toda essa dinâmica de mercado, é que no médio e longo prazo, as economias vão acabar sendo prejudicadas.”
O analista destaca que a atividade econômica global pode trvar, levando a um quadro de recessão econômica ao redor do mundo. “No curtíssimo prazo, realmente o Brasil parece ser o grande beneficiado quando olhamos para a exportação de commodities, porém, para os segmentos industriais do Brasil que dependem de importação para manter os parques fabris trabalhando, esse quadro é muito mais complexo”, enfatiza.
De acordo com Iglesias, a aversão ao risco que gera desvalorização do real e das outras moedas dos países emergentes é uma preocupação que precisa estar no radar dos produtores brasileiros, visto que encarecerá o custo de produção.
FONTE/CRÉDITOS: Olhar Alerta
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