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MULHER E 3 FILHAS FORAM MORTAS: "Desânimo de viver", diz caminhoneiro que perdeu família em Sorriso (MT), em entrevista

O caminhoneiro Regivaldo Batista Cardoso, cuja esposa e as três filhas foram assassinadas por um pedreiro em Sorriso

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O caminhoneiro Regivaldo Batista Cardoso, cuja esposa e as três filhas foram assassinadas por um pedreiro em Sorriso, em 2023, disse não ter mais ânimo para viver após a perda da família.

A esposa Cleci e as filhas foram assassinadas e violentadas pelo pedreiro Gilberto dos Anjos em novembro do ano passado. O pai de família estava viajando à trabalho e, quando voltou para a cidade, já não tinha mais a família

Em sua primeira entrevista concedida, que irá ao ar hoje às 11h no SBT, ele disse ter perdido a graça de viver.

"Eu vou e volto e não tenho minha casa, não tenho minha esposa, não tenho minhas filhas, que graça tem viver assim?", disse.

Relembre o caso

Quatro mulheres foram encontradas mortas, na manhã de segunda-feira (27.11/23), em uma residência, Florais da Mata, no município de Sorriso (a 396 km de Cuiabá).

Vizinhos teriam acionado a Polícia Militar e comunicado que a mulher e suas filhas não teriam sido vistas nesse final de semana. Diante dos fatos, policiais militares com o apoio do Corpo de Bombeiros (CBM) foram até a residência e encontraram as vítimas mortas. Algumas das vítimas estavam nuas, apresentavam corte no pescoço e sinais de abuso sexual.

A Delegacia da Polícia Civil em Sorriso, no norte de Mato Grosso, encaminhou na quarta-feira (06.12/23) ao Poder Judiciário o inquérito com o indiciamento de Gilberto Rodrigues dos Anjos, de 32 anos, pelo assassinato de uma família ocorrido no dia 27 de novembro. O autor confesso dos crimes foi indiciado quatro vezes pelo homicídio das vítimas, mãe e três filhas, com as seguintes qualificadoras: meio cruel, recurso que impossibilitou a defesa da vítima, garantir a execução de outro crime e menosprezo à condição de mulher (feminicídio).

Contra as vítimas menores de idade, os homicídios receberam mais uma qualificadora, que é de crime cometido contra menor de 14 anos, previsto na Lei Henry Borel. Além dos homicídios qualificados, Gilberto foi indiciado pelos crimes de estupro contra duas vítimas adultas e estupro de vulnerável contra a vítima de 12 anos.

Cleci Calvi Cardoso, 46; Miliane Calvi Cardoso, 19 anos; Manuela Calvi Cardoso, 12 anos e Melissa Gabriela Cardoso, de 10 anos foram encontradas mortas, com diversos ferimentos no corpo, dentro da casa da família na manhã de 27 de novembro, no bairro Florais da Mata, em Sorriso.

Responsável pela investigação, o delegado Bruno França Ferreira, da Divisão de Homicídios da unidade policial de Sorriso, classificou a cena como brutal, cenário que marcará a vida de todos os policiais e peritos envolvidos na apuração do crime que chocou a cidade.

Gilberto Rodrigues foi preso em flagrante na mesma manhã em que foram encontrados os corpos das vítimas. Ele trabalhava em uma obra próxima à residência da família Cardoso e observou as vítimas antes de cometer os crimes. Ele invadiu a casa na sexta-feira à noite, 24 de novembro, e quando foi confrontado pela mãe, que tentou defender a família, matou Cleci e depois as três filhas dela, cometendo em seguida o estupro contra três, das quatro vítimas. Com o criminoso, a Polícia Civil encontrou uma peça íntima de uma das vítimas.

Diante da comoção na cidade, a Polícia Civil requisitou a transferência do criminoso para a penitenciária de Sinop. Depois, o juízo da comarca determinou que ele fosse transferido para a Penitenciária Central do Estado, em Cuiabá.

O lado pericial de confronto genético realizado pela Politec-MT apontou positivo para o DNA do criminoso em uma das vítimas que sofreu o estupro, a menina de 12 anos. Os demais laudos periciais ainda estão em fase de conclusão pela perícia oficial.

Diligências

Preocupado por não ter notícias da família, o pai e marido das vítimas entrou em contato com a PM em Sorriso e informou que estava em viagem a trabalho e não conseguia falar com a mulher e as filhas. Ele relatou ainda que ao telefonar para a escola das filhas foi informado da ausência delas, o que o deixou aflito e solicitou a assistência policial.

Uma equipe da PM foi à casa da família e viu o veículo na garagem e a agitação dos cachorros no quintal. Após chamar pelas moradoras, os policiais entraram no quintal e viram pela porta de vidro duas pessoas caídas no chão, aparentemente sem vida. O Corpo de Bombeiros deu apoio e fez inspeção na casa e identificou uma janela aberta, por onde um militar entrou e depois abriu a porta da casa, quando as equipes constaram que havia quatro vítimas mortas.

A Divisão de Homicídios da Delegacia de Sorriso assumiu a investigação e após a coleta inicial de informações, acompanhou o exame pericial conduzido pela Politec. Foi apurado que o autor do crime entrou na residência pela janela do banheiro, iniciando em sequência o ataque às vítimas. Os peritos identificaram ainda impressões de sola de chinelo nas manchas de sangue no piso da residência.

A equipe da Polícia Civil seguiu com as diligências e em duas obras em construção, onde vários homens trabalham, foram realizados levantamentos de informações. Entre os cinco trabalhadores do local, um deles dormia na obra, identificado como Gilberto Rodrigues dos Anjos. Ao ser entrevistado pelos policiais, ele ficou nervoso e alegou não ter ouvido qualquer barulho na casa das vítimas durante o final de semana. Questionado sobre onde descansava, ele apontou o local, no piso superior da obra, que dava uma visão para a casa das vítimas, e como documento apresentou apenas a cópia da identidade. 

Ao vistoriar os pertences do suspeito, ele disse não ter calçados, mas os policiais civis encontraram um chinelo compatível com as marcas deixadas no piso da residência da família e foi confirmado se tratar do mesmo calçado. 

Durante checagem dos dados pessoais, os policiais apuraram que contra Gilberto havia dois mandados de prisão em aberto, um pela Comarca de Lucas do Rio Verde por crime sexual, e outro pela Comarca de Mineiros, em Goiás, pelo crime de latrocínio. 

Confrontado com as informações, ele confessou que atacou as quatro vítimas na noite de 24 de novembro. Depois de esfaquear três vítimas e, quando elas ainda agonizavam, ele cometeu abuso sexual contra a mãe e duas filhas. Já a menor de 10 anos morreu asfixiada.

Mortes brutais 

Conduzido à delegacia e ouvido em interrogatório, ele admitiu a autoria do crime e alegou que após usar entorpecentes invadiu a residência das vítimas, pela janela do banheiro, com a intenção de roubar. Porém, ao ser surpreendido por uma das vítimas, Cleci Cardoso, ambos entraram em confronto ele pegou uma faca e atacou a mãe. Neste momento, uma das filhas, Miliane, saiu do quarto para socorrer a mãe e também foi atacada. Na sequência, ele confessou que assassinou as outras duas vítimas.

“Considerando o idêntico histórico de crime sexual do indiciado, bem como o fato de que absolutamente nenhum objeto de valor fora levado da casa, as afirmações dele em interrogatório não condizem com o que foi apurado. Ademais, o único objeto retirado da casa foi uma peça íntima da menor de doze anos”, atestou o delegado Bruno França.

Depois de matar a família, ele contou que saiu da casa pela mesma janela por onde entrou e voltou para a obra, onde retirou as roupas sujas de sangue e guardou em um contêiner. A Polícia Civil localizou as roupas e encaminhou para a perícia. Na sacola também havia uma peça de roupa íntima de uma das vítimas.

FONTE/CRÉDITOS: Agencia da Noticia
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