Link da matéria https://youtu.be/JpWf2c3o82k
A hanseníase é descrita em tratados de Medicina da Índia do século 6 a.C. Ela também aparece em diversas passagens do Novo Testamento da Bíblia, ainda com o nome pelo qual era conhecida no passado: lepra.
No Evangelho de Marcos, por exemplo, há uma passagem em que um "leproso" se aproxima de Jesus Cristo e pede para ser curado.
"E Jesus, movido de compaixão, estendeu a mão, tocou-o [...] Logo a lepra desapareceu e [ele] ficou limpo", diz o texto.
Na Europa durante a Idade Média, indivíduos com a doença eram expulsos das cidades e obrigados a andar com um sino para anunciar a passagem.
Muitos eram internados nos "leprosários" ou "lazaretos", instituições que continuaram (e continuam) a existir em muitos lugares, inclusive no Brasil.
O Brasil ocupa a 2ª posição do mundo entre os países que registram casos novos. Em razão de sua elevada carga, a doença permanece como um importante problema de saúde pública no país, sendo de notificação compulsória e investigação obrigatória.
Embora essa doença pareça uma lembrança que ficou no passado, as estatísticas mostram uma realidade completamente distinta: o mais recente boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, publicado em 11 de maio de 2023, revela que 18.318 brasileiros foram diagnosticados com hanseníase em 2021.
Isso representa 13% de todos os casos registrados no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), foram 140.594 pacientes detectados com o Mycobacterium leprae em todo o planeta naquele ano.
No documento, o Ministério da Saúde faz uma análise das notificações de hanseníase no país entre 2010 e 2021.
A boa notícia é que a taxa de novos casos está em queda: na maioria dos Estados, esse índice diminuiu. A doença só continua a ser considerada "hiperendêmica" (quando há mais de 10 casos por 100 mil habitantes) em Tocantins e Mato Grosso.
Índia, Brasil e Indonésia são países muito populosos e com grandes aglomerados urbanos, onde mora boa parte da população.
O dermatologista lembra que a bactéria causadora da enfermidade é transmitida por meio da respiração e depende do contato constante.
As pessoas mais acometidas ficam muito próximas umas das outras e moram em casas com poucos cômodos e baixa ventilação. Essa ainda é a realidade de parte da população brasileira e desses outros países.
E isso, claro, se alia ao fato de a hanseníase ser uma doença que recebe menos atenção das políticas públicas.” Ressalta o dermatologista, Egon Daxbacher.
Sem diagnóstico e tratamento, os infectados seguem transmitindo a bactéria por muitos anos — o que perpetua as cadeias de transmissão dela na comunidade.
Mas Frade lembra que a moléstia pode acometer gente de qualquer classe social. Segundo ele, a hanseníase está de fato vinculada à pobreza, mas ela não é exclusiva dos menos favorecidos.
"Nós temos muitos pacientes de classe média ou alta que passam por inúmeras ressonâncias magnéticas ou ultrassonografias e demoram décadas para ter um diagnóstico adequado", destaca.
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